quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Braços de abraços

 Meus barços estão vazio...
 Acordo tarde e procuro entre os lençóis, onde estão os braços que tanto ânseio sentir?
 Olho para os lados e sei da distância, das incertezas, mesmo assim insisto em querer aqueles braços, que povoam os meus sonhos, fechando-se em torno de mim, num movimento perfeito. Teus braços fecham o meu corpo, assim como os meus envolvem o teu espaço, ficariamos assim grudados, como se essa fosse a única tranca que aprisiona duas almas para tornarem-se uma só.
 Será que teus braços ainda estão a esperar que meu corpo preencha este espaço que ainda está vazio?
 Penso nas palavras, relembro cada sílaba dita no calar da noite, cada suspiro dado e cada promessa feita, tudo dará certo, sua voz me diz no silêncio que fica entre os quilometros que nos separam dia a dia. Quero manter meus braços assim, vazios a tua espera, mesmo que fique só na promessa de um sonho, num encontro fulgurante, onde tudo é incerteza além da chama que nos consome.
 Sibilo teu nome entre dentes e arrepios, queria poder percorrer distâncias com a mesma velocidade do meu pensamento, mas ainda assim, titubeio ao ouvir-te dizer: Te amo... Meu coração suspende, meu ar falha e eu desfaleço. Será isso, tudo de novo? A distância, a ânsia, o espaço vazio até que por fim pereça.
 Te escuto, te sinto mesmo nunca sendo possível... Te quero, te preciso para voar alto com nossas asas.

Um comentário:

  1. Lindo! Não uso minhas palavras mas tomo emprestado de um portugues q, com certeza, ja sentiu ou sente o mesmo q eu.

    A Estória do Gato e da Lua

    “No princípio era o negro absoluto, a imensidão calma da noite.
    Depois ela surgiu e tudo mudou.
    Há muito que deixei de a procurar, agora tudo é mais calmo.
    Aprendi que o melhor é esperar. Ela virá quando puder... ou quiser.
    Sei que um dia virá ter comigo, senão porque passaria horas a fio, noites inteiras a observar-me?
    Nada mais importa. Eu espero...

    Mas nem sempre fui assim.
    Depois de a conhecer a minha vida mudou. Procurei segui-la, por ela atravessei mares, corri oceanos, cheguei mesmo a andar à deriva. Tudo fiz para a encontrar. Quando julguei estar perto... estava ainda bem longe.

    Senti-me perdido, sem saber o que fazer. No meio de tanto mar o barco tornava-se cada vez mais apertado, o mundo cada vez mais pequeno para toda aquela paixão!

    Foi então que mudei de vida. Arranjei casa e confortavelmente instalado, julguei irrecusável a minha proposta.

    Mas, de novo, ela fugiu.

    Desesperado, fui então de telhado em telhado atrás dela, escravo daquele desejo, prisioneiro daquela atracção que pouco a pouco me deixava cada vez mais só.

    E o tempo passou...
    Agora já não corro, espero apenas.
    O resto não importa...”

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