sexta-feira, 9 de julho de 2010

Tempo II

 O relógio faz tic-tac sob o móvel do quarto, o coração faz tum-dum num compasso alternado. E não importa o tempo relativo, nem o tempo de cada um pois todos os corações batem no mesmo rítimo, pelos mesmos motivos, deixando-se escoar pelo tempo que não para nunca.

 Sozinha ou acompanhada nada dura para sempre, nem a tristeza e nem a desilusão o mesmo vale para o amor ou para a felicidade. Nada é eterno, tudo é perene, assim como eu e você.

 As vezes me sinto plena de vida, na flor da idade e aguardando o momento certo para colocar a mochila nas costas e desbravar o mundo com novos olhos, gestos impetuosos e a coragem dos que não conhecem o tempo. Mas em outros momentos (como hoje) nada parece ter remédio, afinal, o tempo passou e nada se fez. Tudo o que planejei não se realizou, nem mesmo os amores mais tórridos duraram mais que infimos minutos, pois nada e para sempre e o tempo continua, como o relógio insiste em me apontar... Tic-Tac.

 Olho para ele uma, duas, três vezes antes de me convencer que não há o que se fazer. Mesmo que eu segure os grãos de areia que escorrem de todas as ampulhetas ou que eu drene todas as clepsidras do mundo, nada vai fazer com que o tempo se detenha ou que eu recupere o que passou.

 E se passou, junto com o tempo se foram as palavras, os sentimentos intensos e as pessoas e de tudo só restou a lembrança, nem sempre tão boa ou clara. Me sinto esmagada por kilos de areia, afogada por litros sem fim de água e no fundo a única coisa que eu ainda desejo, do fundo do meu coração... Ainda é um último sorriso.

3 comentários:

  1. Nooooooossa que texto legal! E a imagem então, perfeita pra demonstrar a opressão do tempo sobre a gente. Já disse que amo ampulhetas? *-*

    Mas falando sério, é engraçado como o tempo nos maltrata às vezes. Como ele brinca com nossas esperanças. Como ele corre rápido quando queremos que um instante dure para sempre ou como ele se arrasta, rindo de nós e de nossa pressa, quando tudo que queremos é que os minutos transcorram em seu ritmo normal.

    E como se já não bastasse toda essa prepotência o maldito ainda nos leva coisas importantes: memórias, momentos, sentimentos, emoções, rostos, sorrisos, imagens. Nos despe daquilo que nos é caro mas que, por alguma ironia de mal gosto do destino, nós perdemos e só sobrevive em nossa mente.

    Eu já desisti de tentar segurar o tempo, de tentar enfrentá-lo ou dobrá-lo à minha vontade. Mas uma coisa que tenho aprendido nos últimos tempos é a me aliar a ele. Aproveitá-lo, tentar correr em seu ritmo pra viver os meus dias da forma correta. Não olho mais pro passado a não ser com saudosimo, nem tento enxergar o futuro a não ser com experança. E assim vou vivendo o presente no ritmo que o tempo me proporciona, tentando sempre ser consonante com o próprio ritmo que ele emprega em minha vida. Claro, é difícil. Mas é possível.

    O bom é que ao passo que ele nos leva o que é velho também nos trás o novo, o inédito, o desconhecido. Aproveita as oportunidades e as traquinagens do tempo pra conhecer coisas novas Elisa. Se puder, lute contra ele pra não esquecer o que passou, mas não empregue forças demais nessa luta a ponto de perder o que ele vai te trazer de novo... areias novas virão.

    Beijinhos minha linda. Parabéns pelo texto. Nos vemos por aí! ;-)

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Postei mas tinha tantos erros que resolvi deletar, esse tbm deve estar feio, mas menos que o outro. hehehehe

    O Tempo e os Gatos
    Nada é bom ou interessante o suficiente para manter a atenção de um gato por muito tempo, gatos cansam rápido das brincadeira e não perdem tempo tentando inventar novas maneiras de usar o brinquedo, partem para outra coisa que os chame a atenção, afinal, o mundo está cheio delas. Mas se tem uma coisa que os gatos se prendem, é aquilo que eles vêem, sentem, mas não podem ter. Isso sim os prende por muito tempo. Apesar disso todos sabem, até mesmo o gato, que depois que tiver o que almeja, logo perderá a graça e ele sairá em busca de um novo brinquedo.
    Assim se conta o tempo para os gatos, atravéz dos brinquedos velhos jogados nos cantos da sala.

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